O comando do 11º Batalhão de Polícia Militar, sediado em Manhuaçu, instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar como ocorreu a mal-sucedida abordagem em Revés do Belém, distrito de Bom Jesus do Galho. O soldador Valdemar Ribeiro, de 34 anos, conhecido como Peixe por vários esportistas de futebol amador, morreu com um tiro no peito na noite de Natal ao ter o carro em que estava parado por policiais militares.
A abordagem ocorreu na avenida Vitória-Régia, na área central do distrito, próximo ao número 45. O motorista Laurentino José Ferreira Rocha, de 41 anos, estava na direção do Gol placas GUU-6122 (Belo Oriente) quando foi parado pelo cabo Isaque e outro colega. No veículo estavam, além de Peixe, mais dois amigos de Líli, como é conhecido o motorista parado pelos PMs.
Laurentino alega que Peixe foi buscado na casa do sogro dele para ajudar a retirar um Fiat Uno que ficou atolado a dois quilômetros do distrito. O motorista negou que tenha feito direção perigosa com o carro. Contou que, ao sair de um bar, o pneu deslizou nas pedras da avenida, sem intenção.
O condutor alega ainda que ao parar o carro recebeu uma pancada do cabo Isaque no lado esquerdo da cabeça. “Nem vi que era o militar. Pensei que fosse alguém fazendo uma brincadeira sem graça. Não entendi direito o que aconteceu e, ao olhar para o Peixe, sentado no banco de trás, notei que ele estava baleado”, relatou o motorista, que acabou preso acusado de direção perigosa e levado para a delegacia de Caratinga, onde assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
O próprio motorista, antes de ser detido pelos policiais, socorreu o amigo e o levou ao Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, porém a vítima chegou sem vida. O corpo de Peixe foi trazido para o IML de Ipatinga e liberado no fim da manhã de ontem. O velório ocorreu durante todo o dia na Igreja Católica de Revés do Belém. O enterro está programado para ocorrer na manhã de hoje, no cemitério do distrito.
Violenta
Os familiares de Peixe disseram ao Diário do Aço, revoltados, que o policial militar é uma pessoa violenta no distrito. “Dias atrás, ele agrediu e quebrou os braços de Carlos (José Carlos Lopes), como você pode ver aí, seu repórter”, disse a irmã de Valdemar, a doméstica Maria Amélia da Silva, de 42 anos, apontando para o pedreiro, que alegou não ter feito denúncia à polícia por causa de ameaças.
Peixe era casado e deixou uma filha de um ano de idade. Funcionário da empreiteira Ebec, ele morava na rua Santarém, no bairro Veneza II, porém seus familiares são todos de Revés do Belém. O soldador jogava em times de futebol amador de Ipatinga. Atuando na posição de volante, o rapaz disputou o último campeonato pelo time do Itamaraty, do bairro Bethânia.
Revoltado também com o ocorrido, o único comentário era um só no IML de Ipatinga, onde amigos aguardavam a liberação do corpo de Peixe. “Ele era uma pessoa de quem todos gostavam. Jogou vários anos no nosso time e com certeza vai fazer falta no meio esportivo pelo carisma dele”, contou o presidente do União Esporte Clube, Alaor Lucas, 57, que chorou ao lembrar do amigo.
Outro lado
O Diário do Aço conversou por telefone com o tenente Walter, responsável pelo IPM. Ele informou que o policial militar está recolhido no 11º BPM, em Manhuaçu, onde vai aguardar a decisão da Justiça Militar. O oficial alegou que houve abordagem devido à prática de direção perigosa. “O cabo foi abordá-lo e acabou havendo o disparo. Desde o momento em que ocorreu o fato a PM está realizando todos os procedimentos”, alegou Walter.
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