sexta-feira, 20 de junho de 2008

João Magalhães diz que "denúncia é coisa de algum lunático"


O superintendente da Polícia Federal em Minas Gerais, David Salem, afirmou nesta sexta-feira (20) que os deputados João Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG) estão sendo investigados na Operação João de Barro por corrupção passiva, concussão e tráfico de influência.

A operação da PF investiga um esquema de fraudes de desvio de verbas de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para construção de casas populares. A PF cumpriu mandatos de busca e apreensão no gabinete deles nesta sexta-feira.
Salem explicou que não foi pedida a prisão dos parlamentares porque não seria possível fazer prisão em flagrante de ambos.

Os deputados João Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG) afirmaram nesta sexta-feira que não têm emendas no Orçamento Geral da União nem liberaram recursos para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O deputado João Magalhães disse ter sido surpreendido pela operação da PF. Ele afirmou que não participa de nenhum esquema e que as obras beneficiadas por suas emendas parlamentares são alvo de fiscalização da Caixa Econômica Federal. "A Caixa faz a vistoria de todas as obras. Essa denúncia é coisa de algum lunático. Quem libera as verbas para o PAC é o governo federal, é a Casa Civil. A liberação dessas verbas não tem interferência política. Os deputados não participam em nenhum momento dessa liberação", se defendeu Magalhães"

O deputado Ademir Camilo argumentou da mesma forma. "Todos sabem que quem libera recursos do PAC é a Casa Civil", repetiu Ademir Camilo.

Tanto ele quanto Magalhães argumentaram não saber do que são acusados porque ainda não tiveram acesso ao inquérito da Polícia Federal. Eles afirmaram não saber explicar os motivos de a Polícia Federal trabalhar com a hipótese de indiciá-los em três tipos de crime: corrupção, tráfico de influência e concussão.

"Não sei de onde saíram essas acusações. Tenho muitos adversários no interior e, em vez deles ficarem trabalhando, ficam denunciando", disse João Magalhães. "Eu e o deputado João Magalhães somos das regiões mais pobres de Minas e isso faz com que a gente corra atrás e faça ofícios para ministérios pedindo verbas", explicou Ademir Camilo, que está em seu segundo mandato de deputado federal.

Os dois reclamaram também da ação da Polícia Federal que fez a busca e apreensão de computadores e ofícios em seus gabinetes na Câmara sem dizer do que estão sendo acusados. "A gente fica ansioso porque não sabe o teor do que estão nos acusando", afirmou Camilo. Ele e Magalhães ressaltaram que a liberação de recursos do PAC segue critérios técnicos e é totalmente acompanhada pela Caixa Econômica Federal (CEF). Os dois afirmaram ainda que as emendas individuais que apresentaram para municípios mineiros não contemplam obras do PAC.


PF suspeita que deputados recebiam comissões


A PF suspeita que os dois tenham cobrado propina de 10% para liberar verbas para obras em municípios mineiros.

Salem afirmou que os envolvidos no esquema realizavam ótimos projetos, mas faziam execuções mal-feitas para dividir parte dos recursos. “Verificou-se que o baixo padrão das obras estava se traduzindo em desvio de verbas públicas”, afirmou. Um dos braços da quadrilha atuava com a execução de emendas parlamentares e o outro por meio de empréstimos de bancos públicos.

A investigação do esquema pela PF começou no início de 2006 após o Tribunal de Contas da União (TCU) ter encontrado irregularidades em obras em 29 cidades de Minas Gerais. No final, a PF descobriu que o esquema atua em 119 municípios mineiros. Até as 13 horas de hoje, 26 dos 38 mandados de prisão já haviam sido cumpridos. Três dos presos são funcionários públicos que trabalham no governo federal, sendo um do Ministério das Cidades, outro da Secretaria do Tesouro Nacional e um da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Foram expedidos também 231 mandados de busca em sete estados e no Distrito Federal. Além de parlamentares, estariam envolvidos no esquema prefeitos, funcionário públicos e empresários. De acordo com Salem, as investigações continuam. Nesta segunda fase serão abertos 200 inquéritos, um para cada projeto suspeito. As obras que estão sob suspeita de irregularidades têm orçamento de R$ 700 milhões. Entre as obras, algumas fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Com informações do G1 e Portal Uai

Nenhum comentário: