sábado, 16 de abril de 2011

Operação Esquema: 1.249 veículos com documentos falsificados na região

Policiais Civis das delegacias regionais de Ponte Nova, Manhuaçu e Ipatinga deflagraram, na madrugada de quinta, 14, a segunda fase da Operação “Esquema”, cujas investigações começaram há seis meses. A primeira aconteceu no fim do ano passado, na região de Abre Campo e Rio Casca, onde onze pessoas foram presas e vários caminhões apreendidos.

A operação apurou até agora 1.249 documentos falsificados. O esquema começou com o roubo de cargas e caminhões na BR-262, especialmente no trecho entre Abre Campo e Rio Casca e apurou que a quadrilha tinha ramificações nos dois estados para esquentar os documentos dos veículos roubados e revendê-los. A nova fase desarticulou parte da mesma quadrilha envolvida em roubos, vendas de caminhões e veículos com documentos adulterados. Vinte e seis carros de passeio foram apreendidos e dois caminhões durante a ação nesta quinta-feira.

Seis pessoas foram presas em Volta Redonda e Barra do Piraí (RJ). Entre os presos estão o proprietário da agência de veículos Automarca, o despachante André Lanes de Oliveira, encontrado em sua casa no bairro Califórnia, em Barra do Piraí, que seria o principal elo da quadrilha. Também foram detidos Paulo Moisés de Souza, dono de um trailer na cidade, e Marcos Alexandre Castro, o Marcão, que seriam "laranjas", da agência de automóveis; Antônio José Coelho, o "Maresia", tio de André; Lourival Ramos, o "Val", que trabalha para André; e Anita Lanes de Oliveira, mãe de André.

Eles foram transferidos para a Delegacia de Ponte Nova. Três cegonheiras também fizeram o transporte dos carros para Minas Gerais.  Dezoito carros eram da agência Automarca e o restante foi apreendido em outros pontos da cidade fluminense.

Durante a operação, também foram detidos o dono de uma oficina mecânica, situada às margens da BR-393, em Volta Redonda, Márcio Rodrigues da Costa, o "Porcão"; Francisco Carlos Machado Pereira; Eliane Faria de Costa, mulher do "Porcão"; e Paulo César Barbosa. Eles foram liberados no início da noite de quinta, após prestarem depoimento na 93ª Delegacia de Polícia de Volta Redonda.

SEGUNDA PARTE
 
Esta segunda parte da operação foi realizada em Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Piraí, e simultaneamente nas cidades mineiras de Rio Preto, Santa Bárbara do Monte Verde e Juiz de Fora. Ao todo cerca de 150 policiais, incluindo 19 delegados, 40 viaturas e um helicóptero foram envolvidos. O objetivo foi cumprir 15 mandados de busca e apreensão e nove de prisão na região.

A investigação começou a partir de uma série de roubos cometidos na BR-262, que liga Belo Horizonte a Vitória (ES), entre as cidades de Rio Casca e Abre Campo. A quadrilha, de acordo com a Polícia Civil, se aproveitava do fato de que, até 1988, os veículos das Forças Armadas não constavam do Cadastro Nacional e falsificou então um documento em nome de um oficial militar autorizando o leilão de veículos.

Dessa forma, era possível inserir os caminhões roubados no sistema como sendo de propriedade das Forças Armadas. Após ter os chassis remarcados, os veículos eram vendidos. A documentação dos caminhões era preparada antes do roubo, o que determinava as características que o veículo deveria ter, preferencialmente caminhões da Mercedes Benz, da linha 1113.

Informações colhidas com um dos presos na primeira fase da operação detalharam a existência de uma espécie de "kit" (documentos, placas e lacre) que custava cerca de R$ 15 mil. Ainda de acordo com o delegado, esse fato caracteriza um crime militar. Por isso, os presos também devem responder a processo militar.

As investigações mostraram que a quadrilha tinha ramificações em Volta Redonda, inclusive dois funcionários do Detran (Departamento de Trânsito) de Rio Preto (MG) foram identificados como sendo os responsáveis pela emissão dos documentos falsos e já tiveram prisão autorizada pela Justiça, mas, segundo os delegados, ainda não foram presos porque forneceram endereços falsos. A polícia teve informação de que eles moram em Volta Redonda e Valença, mas não foram localizados.

De acordo com o Delegado de Abre Campo, Dr. Carlos Roberto Souza da Silva, os suspeitos presos podem pegar cerca de 40 anos de prisão, se condenados, e deverão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, alteração de chassi, receptação, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, entre outros crimes.

A agência de veículos Automarca foi fechada e teve todos os veículos apreendidos. O despachante e dono da agência, André Lanes, foi citado pelo delegado João Otacílio Silva, da cidade de Ponte Nova, como uma "caixa preta". No local, também foram apreendidos documentos, entre outros materiais.

De acordo com informações, há suspeitas de que em outras cidades também estaria ocorrendo o crime, inclusive Matipó.

PARTICIPAÇÃO

Vinte policiais civis da regional de Manhuaçu participaram das investigações relacionadas à operação “Esquema”: os investigadores João Gonçalves Linhares Júnior, Inspetor, Hernesto Francisco da Silva, Mirian Ferreira Paiva Gomes, Fabiano Sathler Nobre, Láercio Reiff Júnior, Luiz César de Mendonça de Oliveira, Maximiliano Asserey  Pedroso, Walisson Valdinez Dutra Louback, Lucas de Oliveira Garcia, Alex Henrique Barbosa da Costa, Diógenes Antônio Pereira Moreira, Maycon de Freitas Meira, Edson Theonas Barone, Tadeu de Oliveira Costa, Jorge Luiz Cordeiro de Oliveira, Antônio Guimarães de Souza, Ronaldo de Assis Mamédio, Lucas Lima Alves Gomes Oliveira, Davi Paradela Lana, e o Delegado Carlos Roberto Souza da Silva, de Abre Campo.

Carlos Henrique Cruz - Com informações do Diário do Vale

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