sábado, 30 de abril de 2011

Mulher é assassinada pela máfia dos caminhões roubados entre Abre Campo e Rio Casca e polícia do ES pede prisão de despachante

A recusa de participação em um esquema criminoso de emissão de documentos "frios" para legalização de caminhões roubados pode ter sido a causa do assassinato da diretora do Posto de Atendimento Veicular da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Pedra Azul, em Domingos Martins, na Região Serrana do Espírito Santo. Rosimary Gerhardt Bortulini Grecco, 48 anos, foi executada com três tiros, na quinta, 28, pela manhã, em seu local de trabalho. O crime foi praticado por dois homens que fugiram numa moto Bros vermelha.

À TV Gazeta Sul, o delegado mineiro João Otacílio - que chegou ontem ao Estado para participar das investigações - disse que o homicídio pode ter sido "queima de arquivo". Além dele, outros policiais de Minas Gerais vieram ao Espírito Santo para acompanhar o caso. Foi a Polícia Civil mineira quem desbaratou a quadrilha que roubava caminhões e legalizava os veículos, fazendo emplacamentos em Venda Nova do Imigrante, município que faz limite com Pedra Azul.

O esquema foi denunciado, recentemente, pelo Programa do Fantástico, da TV Globo. A quadrilha teria movimentado R$ 2 bilhões.

Delegado de polícia de Domingos Martins, Paulo Roberto de Castro Batista admite que investiga se Rosimary, de alguma forma, passou informações sobre essas fraudes. Batista acrescentou que a hipótese de tentativa de assalto no homicídio praticado ontem foi descartada, porque nada foi roubado da vítima ou da Ciretran.

Segundo o cunhado de Rosimary Grecco, Ademir Stein, ela teria sido procurada por uma mulher que estaria envolvida na fraude, mas se negou a emitir documentos de um caminhão por não concordar com a ilegalidade. Para Stein, essa seria a única causa aceitável para a morte de Rosimary Grecco. "Ela era correta, uma mulher de família, querida, sem nenhum problema", diz ele.

O também delegado mineiro Carlos Roberto Souza, que preside o inquérito que apura os crimes praticados pela quadrilha dos caminhões, diz que em Minas Gerais foram gerados 1.250 documentos para legalizar caminhões no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.

Só em Venda Nova, foram feitas 16 transferências fraudulentas de veículos para o Rio Grande do Sul. Souza garante que Rosimary não foi ouvida no inquérito, mas diz que a polícia mineira buscou documentos na Ciretran de Venda Nova, que é ligada à de Pedra Azul, unidade que a vítima dirigia.

Segundo o delegado Souza, a única pessoa ouvida no inquérito em Venda Nova foi um despachante de veículos.
 
Fraude leva Detran a desligar despachante

O esquema criminoso de emissão de documentos de caminhões roubados, desvendado pela polícia mineira, levou o Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) a descredenciar o despachante de veículos Marcelo Alves Moreira, que atuava em Venda Nova do Imigrante.

Segundo o diretor-geral do Detran-ES, João Scárdua, Moreira emitiu laudos sem vistoriar os veículos, e todos foram transferidos de forma irregular. De acordo com Scárdua, somente no Espírito Santo foram produzidos documentos para 21 veículos - nove deles já localizados.

Paralelamente ao descredencimento preventivo do despachante Moreira, a direção do Detran encaminhou o processo para a Polícia Civil e também comunicou o fato ao Sindicato dos Despachantes do Espírito Santo.
Scárdua garante que na apuração da fraude, em Venda Nova do Imigrante, não foi identificada a participação de nenhum funcionário da Ciretran local.

Ele explicou que, no Espírito Santo, a vistoria nos veículos é feita no caso de transferência e mudança de característica de veículos. Disse, ainda, que esse trabalho pode ser realizado por funcionários do Detran, Polícia Militar ou despachantes credenciados.

A máfia dos caminhões

Bando

A quadrilha desbaratada pela polícia mineira roubava caminhões principalmente  no cruzamento das BRs 262,  que liga Belo Horizonte ao Espírito Santo, com a BR 116 (Rio - Bahia)

Ciretrans

De acordo com a polícia, nas Ciretrans falsificam-se documentos para emplacar os veículos
Adulterações

O delegado da cidade de Abre Campo (MG), Carlos Roberto Souza, que apura o crime, disse que, inicialmente, em Minas Gerais, foram adulterados documentos que "legalizaram" 500 veículos roubados. Hoje o número chega a 1.250.

Locais

Souza explica que, além de Minas Gerais, foram identificadas ações do bando em Volta Redonda (RJ)  e Venda Nova do Imigrante (ES).

Venda Nova

O delegado diz que documentos fraudados em Minas Gerais aparecem, por meio de transferências, nos registros das Ciretrans de Venda Nova do Imigrante  e no Rio Grande do Sul.

Despachante

As transferências efetuadas na Ciretran de Venda Nova teriam sido facilitadas pelos laudos emitidos pelo despachante Marcelo Alves Moreira, que nem teria visto os veículos.

Espírito Santo

Somente no Espírito Santo, foram feitas transferências de 16 caminhões, segundo o delegado Carlos Souza, mas o diretor-Geral do Detran-ES, João Felício Scárdua, diz que o número de veículos chega a 22, mas só nove foram localizados.

Última Notícia
A polícia do ES pediu, na tarde de ontem, a prisão preventiva do despachante de veículos Marcelo Alves Moreira. O Ministério Público deu parecer favorável ao pedido, agora só falta a decisão da Justiça. Marcelo atuava no município de Venda Nova do Imigrante e é apontado como suspeito de fazer parte de uma quadrilha que falsifica documentos para a legalização de caminhões roubados em rodovias federais, entre elas, a BR 262. O delegado Paulo Roberto (foto) confirmou que a morte da diretora da Ciretran de Pedra Azul foi planejada.

Leilões fraudulentos eram organizados pelos integrantes dessa quadrilha a fim de legitimar todo o esquema, que terminava na emissão de documentos "frios", vindos de Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretrans) espalhadas pelo país - incluindo a de Venda Nova do Imigrante - para os veículos que tinham sido roubados e arrematados pelos próprios golpistas.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (Defa), que recebeu do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) todo o processo administrativo de apuração das denúncias de fraude, levantadas pelo órgão.

Segundo o delegado Gilson Gomes, titular da Defa, o pedido da prisão preventiva do despachante (que já foi descredenciado pelo Detran) ocorreu a partir da existência de documentos que comprovam a participação dele na emissão de documentos falsos a essa quadrilha.

Willian Chaves com informações do Jornal A Gazeta

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