terça-feira, 6 de março de 2012

Balconista quebra o silêncio e conta o drama vivido no casamento


“Foram dez anos sofrendo agressões físicas e psicológicas”:assim lembra a balconista G. A.H .de 34 anos,o seu casamento mau sucedido. Não agüentando tanto sofrimento, decidiu procurar a polícia para delatar o marido, que chegava à sua casa bêbado e começava agredi-la, às vezes na frente dos filhos. Ao se encorajar, a mulher procurou a Delegacia de Proteção à Mulher, para se livrar do sofrimento e ter amparo da Lei Maria da Penha. Agora, ela espera que sua atitude possa despertar outras mulheres que vivem o mesmo drama, são maltratadas pelos esposos ou ex-esposos, que encorajam e os denunciem para saírem do emaranhado sofrimento.
Durante o período em que  G.A.H. esteve na 6ª Delegacia de Polícia, disse à reportagem que tomou atitude depois de ter ouvido falar sobre a Delegacia de Mulheres, atuação e, quando mulheres são agredidas não devem permanecer caladas. Segundo ela, por diversas vezes pensou em denunciar, mas teve medo, pois, poderia trazer reflexo negativo para os filhos. Mas, no dia em que foi agredida pelo marido, que chegou da “balada” bêbedo, decidiu sair do anonimato e denunciar o caso.
G.A.H. conta que teve de enfrentar muitos obstáculos no início, uma vez que ficava incerta quanto à reação da família. “Depois, meus familiares entenderam minha situação e passaram a me apoiar. Tomei atitude, consegui emprego e levantei a cabeça em busca de novos horizontes. Hoje, recebo apoio também de amigos”,ressalta.
Já recuperada do drama sofrido e o calvário, a balconista diz que já encontrou outra filosofia de vida. Pensa reconstruir outra vida e, agora quer ajudar outras mulheres que sofrem de agressões e insistem ficar caladas. Também sonha em estudar, vencer obstáculos e contribuir para diminuir as estatísticas com relação ao problema da violência domestica e familiar contra a  mulher.
Para a titular da Delegacia Especializada de Crimes contra a Mulher, Dra. Lujan Pinheiro há a necessidade das mulheres começarem a buscar o amparo legal, não se acovardando e acobertando o marido agressor, para não ser penalizado pela Lei nº 11.340/06- Lei Maria da Penha-, que reconhece a gravidade do problema e o caracteriza como crime. Para o caráter punitivo, apresenta preocupação em prevenir a violência contra a mulher, garante assistência e proteção à ofendida, independente de sua orientação sexual e, a seus dependentes menores.
Segundo a delegada Lujan Pinheiro, muitos agressores ainda se acham no direito de cometerem tal atrocidade e não serão punidos. “Nossa delegacia está sempre atuante no que diz respeito à Lei Maria da Penha. É preciso que as mulheres, vítimas, tenham coragem como teve G.A.H. que decidiu dar um  basta nesse sofrimento”,frisa a delegada.
Dentro da realidade, os conflitos não escolhem classe social, cor, religião ou idade. Mas o sofrimento é o mesmo para qualquer mulher. Contrariando o senso comum, a mulher que apanha nem sempre é pobre ou ignorante, assim como seu companheiro.
Eduardo Satil

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