Registros históricos confirmam que o imperador D. Pedro II, em visita ao Espírito Santo em 1860, viajou pela Rota Imperial da Estrada Real para chegar a Vitória, inclusive se hospedou e se alimentou em casarios, alguns preservados até hoje, que ficavam às margens da estrada. A família Monteiro, quando deixou Minas Gerais para se fixar no Espírito Santo, também usou o trajeto. Mais tarde, seus célebres descendentes, que fizeram história em solo capixaba: Jerônimo, Bernardino e o bispo Dom Fernando, também utilizaram regularmente a Rota Imperial para completar seus estudos no Caraça, próximo a Ouro Preto. São fragmentos históricos como esses que estão sendo levantados para provar que a Rota Imperial fez sim parte da Estrada Real.
Para assegurar consistência histórica ao projeto "Rota Imperial da Estrada Real", entidades e o governo do Espírito Santo chamaram um dos maiores estudiosos do assunto, o historiador e pesquisador João Eurípedes Franklin Leal, (foto) diretor do Departamento de Arquivologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Embora vivendo no Rio de Janeiro há mais de 30 anos, Leal, capixaba de Dores do Rio Preto, pesquisa a história do estado vizinho de Minas Gerais há mais de 30 anos. O historiador passou três anos do seu doutorado, em Portugal, pesquisando o tema no Arquivo Histórico Ultramarino. "A pergunta que se faz é a seguinte: 'A chamada Rota Imperial pode ser incluída como parte da Estrada Real?' A história aponta que sim".
A Rota Imperial da Estrada Real estaria totalmente revigorada. O projeto engloba uma região de 5.600 quilômetros quadrados e uma população de quase 250 mil habitantes, abrindo as divisas comerciais ao turismo do eixo Ouro Preto a Vitória que também passaria a se beneficiar da marca "Estrada Real".
O grupo capixaba quer repetir o exemplo de sucesso dos municípios mineiros, cariocas e paulistas que estão reestruturando os 1,6 mil km da Estrada Real: Caminho Velho, Caminho Novo e Rota dos Diamantes, que congrega hoje 177 municípios nos três estados que já começam a experimentar o retorno turístico e vislumbrar novas oportunidades de negócios para os próximos anos.
“A estrada do Espírito Santo foi criada inicialmente com o nome de Estrada Real. Um documento da época comprova essa minha afirmação. A estrada foi construída durante o governo de D. João VI, em 1814. Sua obra foi concluída dois anos depois, em 1816. Mais tarde, ela foi popularmente apelidada de Estrada do Rubim, em homenagem ao então governador do Espírito Santo Francisco Alberto Rubim. Quando o Brasil tornou-se império de Portugal, a estrada passou a chamar Estrada Imperial D. Pedro de Alcântara. Agora, sem dúvida, a estrada faz parte de um complexo das chamadas antigas estradas imperiais. As mais conhecidas são aquelas que saíam do caminho real de Paraty em direção a Ouro Preto. E, em seguida, a que saía do chamado caminho novo, que partia do Rio de Janeiro e também se dirigia a Ouro Preto”, conta o historiador.
O trecho de Ouro Preto ao Espírito Santo é um braço novo desta estrada. A Estrada Real foi construída no século 18 e a Imperial no século 19. Essa estrada é a irmã caçula da Estrada Real.
INSTITUTO ROTA IMPERIAL
Para transformar toda esta história em atrativo cultural, a Federação das Indústrias do Espírito Santo constituiu o Instituto Rota Imperial, que será o gestor, no Estado, do produto turístico da Rota Imperial. O projeto de criação da Rota Imperial tornou-se possível graças a uma parceria firmada entre a FINDES, a Federação das Indústrias de Minas Gerais, com apoio das Assembléias Legislativas dos dois Estados, assim como dos governos estaduais.
VEJA O MAPA DA ANTIGA ROTA IMPERIAL
O marco zero da Rota Imperial será em Vitória, em frente ao Palácio Anchieta e de lá seguirá até Ouro Preto, em Minas Gerais. O objetivo do instituto é promover a economia das diversas cadeias produtivas das regiões que fazem parte da Rota Imperial, viabilizando os projetos que envolvam os municípios e desenvolvendo ações como licenciar produtos e aumentar o fluxo turístico, dentre outros. O levantamento histórico já foi feito e agora os parceiros estão partindo para a segunda etapa do projeto que será o de roteirização, sinalização e o geoprocessamento da rota.
Um comentário:
Este projeto é fantástico e precisa de muita força política dos 02 estados ES e MG trabalhei neste primeiro levantamento como Turismólogo auxiliado pelo Professor João Eurípedes Franklin Leal. Este projeto é o elo perdido que foi encontrado para juntar os estados de MG e ES na Rota do Turismo.
Gustavo Araújo
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