quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Morte em Reduto: Mulher e amante mataram e botaram fogo

casowaldemar013aVera Aparecida Mendes Ferreira, 45 anos, confessou. Foi ela e Pedro Paulo Gomes, 63, que mataram Waldemar Ramos, 65, na noite de sábado, no local conhecido como Parada Breder, na zona rural entre Reduto e Manhumirim. O corpo foi encontrado na manhã desta quarta-feira com queimaduras e sem as roupas. Vera foi quem chamou a polícia e inventou toda a história. Tudo foi descoberto a partir de um guarda-chuva.

Num trabalho de inteligência muito rápido, a Polícia Civil de Manhuaçu desconfiou da história a partir do relato de Vera Aparecida. Ela procurou a Polícia Militar no domingo e registrou uma ocorrência de desaparecimento. Waldemar teria ido para a roça visitar alguns amigos e não retornou. Nesta quarta-feira, ela disse que recebeu uma ligação não identificada no celular por volta de 5 horas. A pessoa no telefone disse onde o corpo estava, falou que era o marido dela e que teria sido queimado. Ela só foi até a Polícia Militar era quase 9 horas.

Vera não foi tratada como suspeita. Chorava e tomava medicamentos de uso controlado lamentando a morte de Waldemar. Ela acompanhou a localização do corpo e todo o trabalho da perícia. Dizia que não sabia de alguém que quisesse matá-lo.

GUARDA-CHUVA

casowaldemar012Na tarde desta quarta-feira, o Delegado Getúlio Lacerda e o agente de polícia Hernesto Francisco, da Delegacia de Homicídios, foram ao local do crime. Lá estava um grande guarda-chuva retorcido. Minutos antes, acompanhados de Aparecida, estiveram na casa de Waldemar e recolheram a capa de plástico do guarda-chuva. Essa foi uma das contradições. “Ela falou que ele não tinha saído de guarda-chuva. Depois falou que os dois saíram no sábado à tarde. Ela mesmo começou a entrar em contradição com horários, locais e fatos quando viu que nós tínhamos juntado a capa e o guarda-chuva”, conta o delegado Getúlio Lacerda.

A história do celular também caiu facilmente. Nas últimas chamadas, não aparecia chamada “confidencial ou não-identificada” na madrugada desta quarta-feira. A confissão de Vera Aparecida veio na volta do local onde o corpo foi encontrado até a delegacia. Ao perceber que a história havia caído, ela admitiu que matou Waldemar. “Num primeiro momento contou que agiu sozinha, mas isso também não tinha sentido”, explica Getúlio Lacerda.

O OUTRO COMPANHEIRO

Ao ser questionada sobre como fez para voltar a Manhuaçu, Aparecida contou que foi até a MG-111 e chamou um táxi. Os policiais chamaram o taxista para confirmar a corrida e aí a mulher admitiu que teve a ajuda de outro companheiro Pedro Paulo Gomes, 63 anos. Ela sabia que o motorista contaria que trouxe duas pessoas.

Pedro Paulo foi encontrado no serviço dele. Trabalhava numa extração de areia na região do Barreiro, zona rural de Manhuaçu, e morava no bairro Matinha. Ele tinha um caso com Vera e diz que era ameaçado por Waldemar, que também se relacionava com a mulher e morava no Engenho da Serra. Ela tinha casa no Bairro Nossa Senhora Aparecida.

O motivo do crime, segundo a companheira, era que Waldemar estava falando mal dela na cidade. “Estranho que ele tinha uma vida tranqüila com ela e, inclusive, comprou eletro-eletrônicos para Vera numa loja aqui em Manhuaçu”, contou o delegado.

O CRIME

A história real é a seguinte: na noite de sábado, Vera Aparecida combinou com Pedro Paulo para que ele esperasse no local conhecido como Parada Breder e entregou um revólver calibre 32 com duas munições. Por volta de 19:30 horas, com a desculpa de que iriam a um aniversário de amigos dela, Vera Aparecida convenceu Waldemar a acompanha-la. Quando chegaram, Pedro Paulo disparou uma primeira vez e a arma falhou. O segundo tiro é que acertou o peito dele.

Com Waldemar já no chão, Aparecida tirou as roupas dele e pegou um recipiente com álcool. Pedro Paulo riscou o fósforo e ateou fogo. Em seguida, colocaram alguns galhos por cima e vieram embora no táxi.

casowaldemar003O delegado explica que a dupla vai responder pelo crime de homicídio com concurso de pessoas, premeditado e qualificado. “São duas pessoas trabalhadoras, mas que infelizmente se envolveram num crime e terão que responder por isso. No decorrer do inquérito é que iremos apurar melhor essa motivação”, detalhou.

Durante o final da tarde, os agentes Hernesto e Eldenburgo localizaram a arma do crime. Pedro Paulo escondeu na área em que trabalhava com a draga de areia.

Carlos Henrique Cruz / Jailton Pereira

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