quinta-feira, 18 de março de 2010

Simpósio do café começa em Manhuaçu com novo prefeito levantando polêmicas

Começou nesta manhã de quarta-feira, 17, o 14º Simpósio de Cafeicultura de Montanha, realizado pela Associação Comercial, Industrial e de Agronegócios de Manhuaçu (ACIAM). O evento foi aberto com autoridades ligadas a cafeicultura e políticos num debate sobre desafios e perspectivas do mercado. A necessidade de resolver as dificuldades de endividamento do setor e a maior valorização do produto foram os pontos nevrálgicos da abertura.

ABERTURA

O Simpósio de Cafeicultura foi aberto pelo Presidente da Câmara e coordenador do evento, Toninho Gama, com uma palavra de boas vindas e agradecimento. Ele elogiou a presença de cafeicultores de toda a região, empenhados em melhorar e sobreviver num mercado tão turbulento.

O dirigente também ressaltou o apoio do Deputado Mário Heringer e do Ministério da Agricultura para a realização do Simpósio, além das parcerias com Sindicato Rural, Sebrae-MG, Scamg, Emater, Banco do Brasil, Energisa, Sicoob e Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Toninho Gama voltou a argumentar a necessidade de maior apoio ao setor na região de montanha. “Nossa cafeicultura tem demandas muito específicas e características diferenciadas. As dificuldades de mecanização e os custos por causa disso nos colocam em uma escala diferente. É preciso uma política pública específica para a nossa região”.

André Farrath, vice-presidente da Federaminas, foi o responsável pela fala de abertura e ainda alertou cafeicultores e especialistas para a necessidade de maior organização da cadeia produtiva do café. 

POLÊMICA

O Prefeito de Manhuaçu, Adejair Barros, começou o discurso falando de um tema que conhece muito bem. “Como cafeicultor, eu acho que precisamos de um milagre. Nós estamos vivendo do ano que vem. Tudo é aquela história: ano que vem vai melhorar, ano que vem teremos preços. Enfim, estamos rezando para o ano que vem não acabar. Eu sinto que o drama é muito maior a cada ano e temos que exigir de nossas lideranças medidas reais em relação ao nosso produto”, afirmou.

Adejair também entrou num outro tema espinhoso. Ele afirmou que é preciso uma agenda positiva de lideranças em favor da cafeicultura e da região. Ao falar da longa história do contorno rodoviário acendeu uma discussão sobre as promessas de que a obra será executada. “Há anos que ouvimos isso. A cidade precisa de lideranças junto ao Governo Federal para que essa obra seja realmente uma verdade. Não teremos bandeira de um ou outro deputado, queremos é um movimento de todos para que isso se concretize”, afirmou.

O Deputado Federal Mário Heringer rebateu a fala de Adejair. Ele garantiu que já esteve no Ministério dos Transportes e se empenha pela realização da obra. “Só que a função de executar, determinar fazer essa obra, não compete a mim. Nós nos empenhamos diretamente por esse pleito”, respondeu. Mário Assad Júnior, Secretário de Assuntos Institucionais de Belo Horizonte e ex-deputado, também corroborou com a fala de Mário Heringer e ressaltou que a obra, segundo audiência em que participou no DNIT, ainda demora muito para ser feito. “Não é uma obra simples, mas também tenho me empenhado”, ressaltou.

DEBATE

Num ano marcado por incertezas e ainda carregado pelas dificuldades da crise econômica mundial, o café tem sua própria tempestade. O endividamento do setor, os altos custos de produção, as dificuldades de mecanização na região de montanhas e o preço marcaram as falas.

O debate foi aberto pelo Presidente Executivo da Associação de Produtores de Café e Leite (Sincal), Armando Matielli, com um amplo relatório sobre o mercado de café e as dificuldades do setor. “Nós já temos qualidade e produtividade, mas falta preço. Temos 50% de participação no mercado de café arábica e estamos vendendo pela metade do preço. Isso tem trazido um desajuste econômico tremendo. Os produtores estão endividados e apertados por falta de gestão decente do governo”, afirmou.

Para o deputado Mário Heringer é momento de colocar as reivindicações em um documento e exigir comprometimento do governo. “Todos aqui, mesmo se enfrentando no debate em algumas idéias, vieram para o evento com o mesmo objetivo: estão preocupados com o setor cafeeiro”, destacou Mário Heringer, que completou: “O que acontece na verdade é que conversamos, conversamos e muitas vezes não colocamos isso no papel. Temos todos muitas idéias e não organizamos. Precisamos pegar um plano estratégico, colocamos tudo organizado e fazermos um documento com as reais necessidades da cafeicultura e aí sim conseguir resultados. Poderemos exigir o comprometimento que o setor demanda atualmente”.

A ACIAM e a Associação de Cafés Especiais decidiram elaborar um documento ao final do simpósio com as principais demandas do setor cafeeiro da região das montanhas.

Carlos Henrique Cruz / Jailton Pereira

Nenhum comentário: