Fantástico conta a história de um "milionário". Cercado de seguranças, posando de bacana, ele mudou a vida de muita gente na pequena cidade de Matipó, em Minas Gerais, só que o tal ricaço tinha um segredo e, por esse segredo, ninguém esperava. O BLOG DO WILLIAN CHAVES noticiou o esquema na última semana.
“Eu ouvi falar que ele tinha ganhado na Mega-Sena”, conta o motorista Dilson Martins. “Achei que ele tinha ganhado, ficava andando de carro pra lá e pra cá”, diz o taxista Leonardo Alves.
Era a prosa que mais se ouvia entre 17 mil habitantes de Matipó. “Ele ganhou na Mega-Sena, ganhou mesmo. Está comprando fazenda, está comprando não sei o quê, e a notícia se espalhou”, afirma Gismar Reis, ex-segurança do “milionário”.
O sortudo tinha até nome de artista: Elton John. Pelo menos, é assim que José Jorge de Jesus gosta de ser chamado. Funcionário da prefeitura de Matipó, ele contou para todo mundo que ganhou a bolada no dia 28 de novembro passado. “Ele falou para mim que tinha ganhado R$ 23 milhões”, explica Milton Vieira, ex-assessor do “milionário”.
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E o novo milionário punha banca de gente importante. “A minha missão era chegar, entrar, revistar o lugar e ver se está tudo tranquilo, para ele entrar depois”, conta Gismar Reis.
Ele só andava acompanhado de seguranças. Nove pessoas passaram a trabalhar como assessores do novo “milionário”. “Eu ganhava um salário e ele me ofereceu R$ 2,5 mil por mês, de carteira assinada”, lembra Gismar.
Milton vendeu até a loja de bicicletas para agarrar a oportunidade. “Inclusive, ele falou comigo que a gente ia mudar para outra cidade, Ipatinga, e que ia comprar até os móveis pra gente”, diz.
O novo “milionário” também comprou fazenda. Chegou a negociar uma casa de luxo e uma loja de veículos pelo valor de R$ 1,68 milhão. Tudo assinado por ele e registrado em cartório.
Só faltava um carrão. Ele foi à concessionária seis vezes, sempre acompanhado do motorista e de vários seguranças. Escolheu um dos carros mais caros, com o preço de R$ 103 mil. Prometeu pagar em dinheiro vivo, mas pediu um prazo.
“O dinheiro, segundo ele, estava aplicado e tudo mais. Eu acho que a aplicação ia render pra ele cerca de R$ 90 mil por mês. Por isso, que ele não tinha trago o dinheiro, porque se ele tirasse antes da hora ele ia perder a aplicação”, justifica o vendedor Losardo Siman.
Durante três meses, todas as despesas teriam sido pagas pelos funcionários de Elton John, enquanto o tal “milionário” não colocasse a mão no prêmio.
O dia 29 de março seria o vencimento da aplicação bancária, quando todos iriam receber. Na véspera, eles se reuniram nas fazendas negociadas. O churrasco seria uma confraternização com as famílias, afinal, no dia seguinte, na segunda-feira, o tão prometido dinheiro finalmente chegaria. E debaixo de uma árvore, ele fez um discurso emocionado que durou mais ou menos 20 minutos.
No dia seguinte, a caminho do banco, Elton John teria simulado um desmaio. Chegou a ser levado para o hospital, mas foi liberado, em seguida. Na porta do banco, veio a notícia.
Nem dinheiro, nem milionário. José Jorge de Jesus sumiu do mapa. O tenente Jorge Roberto Marcos, da PM de Minas Gerais, lembra quando a polícia o encontrou: “ele falou que ganhou no dia 29 de novembro. Nós começamos a pesquisar no sistema e descobrimos que nessa citada data o prêmio da Mega-Sena acumulou”.
Segundo a polícia, ele chegou a ser preso, mas foi liberado por falta de provas. Ele teria dito em depoimento que também foi vítima de um golpe: recebeu uma mensagem por celular que tinha ganhado na Mega-Sena e começou a gastar por conta.
O Fantástico foi até é a casa do Elton John para falar com ele, mas não tinha ninguém no local. Matipó ainda tenta entender o que aconteceu.
“Eu não acredito que ele fez isso com a pessoa que era o melhor amigo dele”, afirma Milton Vieira. “Eu acho que a mentira que ele contou foi tão bem bolada que ele mesmo acreditou”, diz o vendedor Losardo Siman.
FONTE: Site do Fantástico
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