Sempre achei que tinha nascido na
época errada da história. Algumas vezes em minha vida me peguei pensando por
que não nasci em meados da década de 1950. Sim! Queria estar na juventude em
plena ditadura militar. Queria ter podido lutar. Defender a democracia. Vivenciar
aquele momento da história do meu país. Bem, não é que o destino dos tempos
programados para minha vida me reservaram páginas de uma história parecida?
Atualmente vivemos tempos sombrios.
O militarismo toma conta aos poucos, sorrateiramente. A matança está
generalizada. O ódio cresce a cada dia. O fascismo ronda nossa vizinhança. E as
instituições brasileiras estão combalidas. Não se confia no Congresso e no
Judiciário. Aliás, este último está tão acovardado que perdeu a capacidade de
interpretar a Constituição de 1988. Sim, a Carta Magna da nova democracia está
virando apenas um livro de cabeceira, aquele fica tanto tempo sem ser mexido e pegando
pó.
Hoje, 05 de abril de 2018, talvez
seja um dos dias em que mais me perguntei e me respondi ao mesmo tempo. Estaria
eu do lado certo da história? Não hesitei! Não há dúvidas! Defendo e defenderei
o direito à liberdade e igualdade a todos. Defenderei governos populares,
progressistas, democráticos e inclusivos.
Nunca antes na história desse país,
tantos brasileiros ascenderam socialmente. E são esses mesmos, que ascenderam,
que hoje esbravejam e proliferam o ódio contra quem lhes deu oportunidades.
Lamento profundamente que muitos
daqueles que conheci em minha vida e que
tiveram o direito de estudar por conta de programas governamentais como FIES,
PROUNI, REUNI, entre outros, não mais poderão ver seus parentes usufruírem
destes benefícios. O exemplo dessa oportunidade eu tive dentro de casa. Lamento
profundamente que hoje o país seja comandado por um presidente sem voto e que
mexe com a vida dos brasileiros todos os dias.
Lamento profundamente que os
trabalhadores, sim, aqueles de carteira assinada, ainda não entenderam o jogo
que está posto. A desgraça ainda está por vir. Não haverá trabalho. Haverá
servidão ou até semiescravidão. Atentem-se!
Lamento por ser apenas uma voz
incapaz de reverter tal situação degradante que se encontra os brasileiros. Uns
vociferam ódio contra os outros. Não há razão nas discussões. Mentes
ludibriadas e tontas por conta de tantas notícias despejadas que atendem a interesses escusos descontruindo uma
sociedade que pensa.
O Brasil hoje chora Lula! Amanhã
vai chorar os seus filhos que não tiveram a oportunidade de crescer, a
oportunidade de entender a história.
Refleti ao longo do dia se
escreveria algo ou não. Resolvi. Me encorajei. Não seria o mesmo Willian se não
expressasse minha opinião mesmo com o coração dilacerado, com o medo do futuro
reserva.
Tenho certeza que muitos
comentários negativos, carregados de ódio, aparecerão na minha ‘timeline’. Mas,
compreendi que eu preciso saber quem são esses odiosos com a opinião alheia.
Saber para que no futuro volte a encontrá-los(as) para saber se a opinião é a
mesma e se teria valido a pena todo esse ódio fascista deste momento.
Chora a democracia brasileira.
Chora aqueles que ainda não entenderam a dimensão do caos social que estamos
metidos. A classe política está perdida. Não se sabe o que vai acontecer em
outubro de 2018. Pode ser que nada aconteça. Pode ser que não tenha nem
eleições. E, mais uma vez, o brasileiro perderá o direito de escolha
democrática de seu representante.
O futuro, ainda não sei. Só sei que
hoje, diante da angústia que me toma, das lembranças das frases do meu pai
dizendo que naquela época, não tão distante, ele viu amigos próximos, com renda
financeira baixa, conquistar suas cidadanias, dignidades, bens materiais e a
felicidade de ver seus filhos formados.
Hoje, 05 de abril de 2018 afirmo:
Lula vale a luta! A democracia vale a luta! O Brasil vale a luta! Pelos
direitos e garantias fundamentais!
Willian Chaves